Nesta série de conteúdos, trazemos reflexões sobre os desafios que impedem a oferta da educação de qualidade e equidade para todas e todos, com foco nos marcadores de desigualdade educacional, utilizados pelo Centro Lemann para direcionar seu trabalho junto às lideranças das redes de educação e escolas.
Para contextualizar o marcador cor ou raça é preciso rever nossa história, quando a colonização gerou hierarquias que tornaram subalternos alguns grupos sociais e asseguraram privilégios a outros, especialmente no que diz respeito à educação. Nesse contexto, o racismo estrutural começou a se enraizar na sociedade, marginalizando pessoas negras e indígenas.
Para enfrentar essa realidade é necessário pensar em políticas públicas redistributivas, ou seja, que distribuam, proporcionalmente, recursos de acordo com as necessidades de cada indivíduo, e políticas de reconhecimento, que valorizem as identidades dos grupos historicamente excluídos.
No entanto, para traçar essas políticas, é essencial mapear cenários, coletando dados e evidências que levem a soluções eficazes de inclusão e equidade na comunidade escolar.
Mas essa tarefa não é simples. O primeiro obstáculo, que tem impedido um mapeamento mais efetivo, são os altos índices de não declaração de raça nos registros administrativos e questionários socioeconômicos das avaliações. Sem acesso a esse tipo de informação, torna-se difícil medir as diferenças de oportunidades educacionais disponibilizadas para grupos de raças distintas, a não ser em projeções estatísticas com limitações. A explicação para a ausência de dados nessa área requer estudos que permitam a formulação de um diagnóstico mais apurado sobre suas possíveis causas, como a falta de priorização do registro administrativo, empecilhos para a autoidentificação e problemas na formulação e compreensão de perguntas, dentre outras.
O segundo obstáculo, ressaltado por Sonya Douglass, professora de liderança educacional, na Universidade de Columbia (EUA), está relacionado às metodologias de pesquisa. Para ela, as que partem do ponto de vista de pessoas negras(os) e indígenas, com foco em abordagens culturalmente sensíveis, são as que, juntamente com outros estudos, podem apoiar as lideranças educacionais no desenho de políticas públicas promotoras de equidade.
Em breve, lançaremos a tradução do trabalho de Sonya, que trata do tema, mas é possível saber mais sobre o que a especialista diz a respeito, clicando aqui para acessar, na íntegra, a palestra que ela proferiu no II Colóquio Centro Lemann – Pesquisa e Equidade em Educação.