A noção de diversidade remete à variedade de formas de ser e estar no mundo que caracterizam a experiência humana. Isso implica reconhecer que, assim como somos variados como seres biológicos, temos muitos traços que nos distinguem como seres sociais, os quais são desenvolvidos a partir de circunstâncias biológicas, geográficas, históricas e culturais. Diversidade é, então, a própria expressão da humanidade (INGOLD, 1995). Está relacionada às diferenças que são produzidas a partir do contexto em que somos formados e aos pertencimentos, subjetividades e condições materiais que cercam a nossa existência.
A classificação de povos, grupos e pessoas, com base em suas características físicas, culturas, condições sociais e identidades, é produto de processos históricos de contato, colonização e dominação que se manifestam por meio de categorias, como nação, raça, etnia, classe, gênero, sexualidade, deficiência, território, dentre outras. Importante ressaltar que, em muitos contextos, essas categorizações geraram hierarquias e assimetrias que até hoje permitem traçar o mapa das diversas desigualdades sociais existentes.
Diversidade e diferenças não são, portanto, sinônimos de desigualdade, mas existe uma relação inequívoca entre elas em diferentes esferas da vida social. Na educação, o modo como se compreende e aborda a diversidade tem implicações no processo de ensino e aprendizagem, que afetam desde o currículo escolar até as expectativas com relação ao desempenho das(os) estudantes. Também está na base de distâncias e desvantagens com relação às oportunidades educacionais.
No âmbito da educação, valorizar a diversidade demanda criar um ambiente escolar acolhedor e que estimule a aprendizagem de cada estudante, enaltecendo identidades e processos culturais presentes na sua formação, seja ela ou ele indígena, negra(o), branca(o), migrante, heterossexual, LGBTQIA+, morador(a) da área rural ou urbana, do centro ou da periferia, pertencente à população das águas, da floresta ou de comunidades tradicionais. Demanda, também, desenvolver políticas e práticas educativas capazes de garantir acesso, permanência, participação, aprendizagem, desenvolvimento integral, progressão e conclusão escolar na idade adequada, especialmente para aquelas(es) ligadas(os) a grupos historicamente subalternizados.
Tomar a diversidade como um valor positivo pressupõe incentivar o contato e a troca entre grupos e/ou pessoas com variadas experiências e saberes. Desta forma, amplia-se o desenvolvimento individual da(o) estudante a partir de diferentes perspectivas, aprimoram-se a convivência democrática, a comunidade escolar e o ambiente educativo.