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O marcador de localidade e a desigualdade educacional

Localidade é um dos cinco marcadores de desigualdade educacional que utilizamos para orientar nosso trabalho junto às redes de educação do País. 

Os diagnósticos educacionais são claros ao apontar a desigualdade entre a realidade escolar de estudantes das zonas urbanas e rurais. O acesso à infraestrutura básica, como banheiros, mobilidade para pessoas com deficiência, abastecimento de energia elétrica e água por redes públicas, e a existência de equipamentos adequados para o desenvolvimento educacional, como bibliotecas, laboratórios de informática e de ciências e internet, são mais comuns nas escolas urbanas, especialmente as que estão localizadas em regiões centrais e abastadas. 

A disparidade também é marcada pelas condições docentes, como quadro completo, estabilidade dos contratos de trabalho e formação continuada, e pelo acesso a outros insumos para a garantia do direito à educação, como transporte e merenda, comumente deficitários nas zonas rurais. Muitas das unidades de ensino dessas regiões ainda trabalham com turmas multisseriadas, o que representa um desafio adicional para gestoras(es) e professoras(es).

Na pandemia da Covid-19, quando o ensino remoto foi a estratégia adotada para promover a continuidade das aulas e atividades, a desigualdade entre estudantes de escolas urbanas e rurais tornou-se ainda mais evidente no que diz respeito ao acesso às tecnologias digitais, um problema que persiste.

Mesmo no contexto mais favorável das áreas urbanas, também é preciso considerar as desigualdades existentes entre centro e periferia, caracterizadas por diferenças que se aproximam da realidade das escolas rurais. No caso das comunidades periféricas, as migrações pendulares, que exigem longos deslocamentos diários da população para buscar serviços públicos e fontes de renda, e os altos níveis de violência são condições que impactam negativamente a rotina escolar de estudantes, colocando em risco, inclusive, a continuidade dos estudos. Outro fenômeno preocupante é a relação entre a localidade dessas escolas periféricas e os territórios onde moram as(os) alunas(os) de famílias de menor renda e em situação de maior vulnerabilidade, fatores que, associados, ampliam as desigualdades e diminuem as chances dessas(es) estudantes prosperarem. 

Para governos e lideranças educacionais enfrentarem as desigualdades em relação à qualidade da oferta educacional entre e dentro das redes de educação, de acordo com o território, é preciso rever a lógica de alocação do investimento público, com o objetivo de alcançar uma distribuição equitativa de recursos. Este é um primeiro e importante passo para mitigar as desigualdades que afetam o acesso, a permanência e o desenvolvimento integral de estudantes das zonas rurais e periféricas.

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